Daquele dia em diante Clara deixa seus familiares, abandona todas as pompas e delícias do mundo e, na igrejinha de Nossa Senhora dos Anjos, a Porciúncula, consagra-se a Deus. Desde então, até sua morte em 1253, a exemplo de Francisco, apaixona-se e identifica-se plenamente com seu Senhor e segue incansavelmente as pegadas do Cristo Pobre e Crucificado.
De 1212 até o dia 11 de agosto de 1253, Clara viveu no silêncio e no retraimento da clausura do Mosteiro de São Damião levava uma vida simples, trabalhando no cuidar da casa e no educar na fé as suas irmãs pobres. Ela e todas as irmãs declaravam-se como esposas do Cristo Pobre e Crucificado e tinham como missão especial a vida de oração.
Tentar entender e viver o carisma franciscano sem também percorrer e conhecer todo o itinerário da vida de Santa Clara é impossível, é como querer entrar na água e não se molhar. Francisco e Clara viveram uma profunda comunhão espiritual e foram os primeiros a perceberem a importância um do outro na sobrevivência dessa nova forma de vida que o Senhor lhes inspirou.
O trecho seguinte dos escritos de Santa Clara mostra o quanto Francisco percebia essa necessidade e importância do modo de viver de Clara e suas irmãs pobres: "Porquanto, por inspiração divina, vos fizestes filhas e servas do Altíssimo, Sumo Rei, Pai do Céu, e desposastes o Espírito Santo, escolhendo viver segundo a perfeição do Santo Evangelho, quero e prometo, por mim e por meus frades, ter sempre, por vós, como por eles, cuidado diligente e solicitude especial. Enquanto viveu, cumpriu-o plena e diligentemente, e quis que sempre fosse cumprido pelos frades."
Logo após sua conversão, e antes de ter irmãos, Francisco, quando restaurava a Igreja de São Damião, subiu em um dos muros e, por iluminação do Espírito Santo, profetizou: "Vinde e ajudai-me na obra do Mosteiro de São Damião, porque nele ainda haverão de morar senhoras cuja a vida famosa e conversação santa vão glorificar nosso Pai do céu em toda sua santa Igreja.
Clara também tinha grande apreço e respeito por Francisco e seus confrades e referia-se ao santo chamando-o de "Beatíssimo Pai". Considerava-se uma plantinha que era cuidada e zelada por Francisco: "nosso Bem aventurado Pai, enquanto viveu, foi sempre solícito, por palavra e obra, em cultivar-nos e fomentar-nos, sua plantinha".
Mesmo após 800 anos de sua morte Clara de Assis continua sendo para nós modelo de seguimento de Jesus, modelo de pessoa que deixou-se conduzir pela vontade de Deus, não teve medo de abandonar todas as riquezas do mundo para construir seu tesouro no céu; modelo de pessoa orante, que fundamentou todas suas ações cotidianas na escuta da Palavra de Deus.
Junto com Santa Clara, irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor da Vida a graça de, como franciscanos e franciscanas, nunca perdermos de vista o nosso ponto de partida que é o mesmo de chegada: o Cristo Pobre e Crucificado.
Frei José Landes , OFM | ||
texto: www.paroquiadasdores.org.br | |
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